
Ontem ouvi de um amigo a seguinte frase: "Devemos deixar para nossos filhos lembranças e não presentes. Ou, por um acaso, você tem todos os brinquedos da infância?"...
Isso me fez lembrar imediatamente da minha avó materna: Dona Antônia, uma das melhores pessoas que já conheci na minha vida, incapaz de desejar o mal de alguém, sempre disposta a dar uma palavra de carinho ou ajudar no que fosse preciso. Ela faleceu quando eu tinha uns 5 anos de idade, deixando em mim milhares de boas 'lembranças', já que participou de muitos dos melhores momentos da minha infância.
De presente físico, lembro apenas de ter ganho uma máquina de costura de plástico, que não tenho a menor idéia de onde foi parar. Mas, em compensação, sou capaz de ficar horas lembrando de cada valioso minuto que passei ao seu lado... Foi ela que um dia:
- me ensinou a pregar botões, deixando que eu treinasse nos lenços do meu avô;
- deixou eu lavar a louça do almoço, mesmo que tivesse dificuldades para alcançar a torneira;
- não brigou comigo quando eu piquei em pedacinhos o macarrão fresco que ela tinha acabado de ganhar;
- provou pra mim que realmente ninguém assombrava a varanda da casa dela de madrugada;
- brincou de casinha comigo sendo minha mãe e consequentemente avó da minha boneca;
- perguntou o que iriamos fazer para o almoço, fazendo com que eu me sentisse o ser humano mais importante da face da terra;
- fez para mim uma anágua igualzinha a que ela usava;
- deixou eu participar das 'novenas', ainda que meu problema de dicção fizesse eu rezar 'bendito do puto do vosso ventre';
- reservou em seu guarda-roupas uma gaveta pra eu dividir com o meu irmão;
- fez churrasco de salsicha, utilizando como churrasqueira alguns tijolos e a grelha do fogão;
- deixou eu varrer o jardim com a mesma vassoura que ela varria o tapete da sala;
- deixou eu colocar todas as cadeiras da casa na varanda para eu utilizar como poltrona do meu avião;
- defendeu, em vão, a idéia de que eu não era chata, era meu irmão que me irritava;
- insistiu para que minha mãe me comprasse uma peruca de cabelos longos, já que o meu era tão curtinho;
- colocou uma bacia de água para esquentar no sol para que eu brincasse que estava em uma piscina;
- aqueceu o leite do sucrilhos quando eu estava resfriada;
- ficou sentada dentro do banheiro comigo quando eu tive medo de tomar banho sozinha;
- me levou para benzer quando fiquei pálida ao ouvir trovões;
- não brigou quando eu quebrei alguns ovos de codorna;
- me deu dinheiro escondido da minha mãe para que eu comprasse charutinho de doce de leite e salgadinho de pizza;
- acreditou na mágica que eu fiz com um pedaços de pão...
Não lembro ao certo o dia de sua morte, mas, durante algum tempo, conversei com ela em pensamento explicando que aquela mágica era de brincadeira, mas que eu não a fiz para enganá-la e sim para deixá-la feliz...
Hoje está sendo um dia de nostalgia para mim... Agradeço por ter boas recordações...
Isso me fez lembrar imediatamente da minha avó materna: Dona Antônia, uma das melhores pessoas que já conheci na minha vida, incapaz de desejar o mal de alguém, sempre disposta a dar uma palavra de carinho ou ajudar no que fosse preciso. Ela faleceu quando eu tinha uns 5 anos de idade, deixando em mim milhares de boas 'lembranças', já que participou de muitos dos melhores momentos da minha infância.
De presente físico, lembro apenas de ter ganho uma máquina de costura de plástico, que não tenho a menor idéia de onde foi parar. Mas, em compensação, sou capaz de ficar horas lembrando de cada valioso minuto que passei ao seu lado... Foi ela que um dia:
- me ensinou a pregar botões, deixando que eu treinasse nos lenços do meu avô;
- deixou eu lavar a louça do almoço, mesmo que tivesse dificuldades para alcançar a torneira;
- não brigou comigo quando eu piquei em pedacinhos o macarrão fresco que ela tinha acabado de ganhar;
- provou pra mim que realmente ninguém assombrava a varanda da casa dela de madrugada;
- brincou de casinha comigo sendo minha mãe e consequentemente avó da minha boneca;
- perguntou o que iriamos fazer para o almoço, fazendo com que eu me sentisse o ser humano mais importante da face da terra;
- fez para mim uma anágua igualzinha a que ela usava;
- deixou eu participar das 'novenas', ainda que meu problema de dicção fizesse eu rezar 'bendito do puto do vosso ventre';
- reservou em seu guarda-roupas uma gaveta pra eu dividir com o meu irmão;
- fez churrasco de salsicha, utilizando como churrasqueira alguns tijolos e a grelha do fogão;
- deixou eu varrer o jardim com a mesma vassoura que ela varria o tapete da sala;
- deixou eu colocar todas as cadeiras da casa na varanda para eu utilizar como poltrona do meu avião;
- defendeu, em vão, a idéia de que eu não era chata, era meu irmão que me irritava;
- insistiu para que minha mãe me comprasse uma peruca de cabelos longos, já que o meu era tão curtinho;
- colocou uma bacia de água para esquentar no sol para que eu brincasse que estava em uma piscina;
- aqueceu o leite do sucrilhos quando eu estava resfriada;
- ficou sentada dentro do banheiro comigo quando eu tive medo de tomar banho sozinha;
- me levou para benzer quando fiquei pálida ao ouvir trovões;
- não brigou quando eu quebrei alguns ovos de codorna;
- me deu dinheiro escondido da minha mãe para que eu comprasse charutinho de doce de leite e salgadinho de pizza;
- acreditou na mágica que eu fiz com um pedaços de pão...
Não lembro ao certo o dia de sua morte, mas, durante algum tempo, conversei com ela em pensamento explicando que aquela mágica era de brincadeira, mas que eu não a fiz para enganá-la e sim para deixá-la feliz...
Hoje está sendo um dia de nostalgia para mim... Agradeço por ter boas recordações...
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